sexta-feira, 4 de novembro de 2011

A ONDE VAMOS

Depois de alguns ensaios, no final de outubro realizamos entrevista com Zezé Lemos - mãe, professora aposentada, "não-artista", como ela se definiu, andarilha convicta, no meu entender.
Como Zezé chegou nessa história nossa? Estávamos na Fenearte 2011 e paramos para observar uns quadros. A simpática senhora veio de lá e emplacou uma conversa conosco, de como começou a pintar depois que se aposentou, apresentou as obras de sua filha, Luciana - iluminada duas vezes no nome - e nos conquistou. Um cochicho entre Quiercles e eu, o convite feito e aceito.
Entre julho (o convite) e outubro (a realização), muitas andanças, de ambas as partes-  Zezé com suas pinturas, exposições, viagens; a equipe do Ruas e Quintais - como abreviada e carinhosamente chamamos o projeto - com nossas idas e vindas junto ao Conselho (Municipal de Cultura - Salve Rita de Cássia Nery), com relatórios, solicitações, contratação de equipe, filmagens várias.
Nesse "ensaio" de agendamento da entrevista me perguntei muito a respeito do que passaria no imaginário daquela senhora: receber em sua casa pessoas desconhecidas. Quantas? Cinco. Seria um assalto, um trote, pessoas bem ou mal intencionadas?

Há perguntas recorrentes, por parte dos entrevistados ou parentes: terão acesso a este material? Onde isso será divulgado?
Quando percebem, então, que será exibido em cinema - porque esta é uma das nossas intenções - ficam desconfortáveis, julgam não haver motivos suficientes para isso. O que teria de extraordinário em suas histórias? Não tenho resposta. Apenas mais uma pergunta: há algo mais extraordinário, e ordinário ao mesmo tempo, que nascer, crescer, viver, contar e ouvir histórias, ser personagem, diretor, dramaturgo da própria vida?
Zezé é mais uma das figuras simpáticas que coletamos em nossas jornadas e, espero, como a própria disse, que não nos percamos nos caminhos. Então, fica o convite para viajar nos caçuás que a trouxeram a Pernambuco, pular a janela da sala de aula, fugindo da palmatória, ver o mar pela primeira vez, pescar no Rio Una, andar de jangada feita do tronco da bananeira, reconstruir o mundo através de suas tintas. 
Chamem os artistas.
Ana Paula Sá

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