O pensador francês Paul Ricoeur costumava afirmar que “o tempo só se torna humano através da narrativa”. É neste sentido que o tempo aqui nos interessa, enquanto conjunto de narrações, personagens, paisagens, clímax e peripécias. As histórias das pessoas, especialmente as saturadas de tempo, as que carregam marcas temporais indisfarçáveis (seus encontros e desencontros, suas perdas e ganhos, suas esperanças e desilusões), constituem para nós, gente de teatro interessada em contar histórias, arsenais de possibilidades para a arquitetura de um espetáculo por vir.
Em 2009 aprovamos um projeto de pesquisa no I Edital de Fomento às Artes-Cênicas da Prefeitura da Cidade do Recife.
Este blog é o primeiro passo para a consumação de nossos compromissos, não tanto com a prefeitura como com os nossos sonhos; ele marca o começo de um percurso que culminará com um documentário sobre histórias de vidas (uma série de entrevistas devem ser feitas e registradas em vídeo até o começo de 2012).
Assim (também, mas não somente) é um diário de bordo. Semanalmente, registraremos neste sítio as dificuldades, expectativas e impressões da viagem até que ela chegue ao fim.
No entanto, mais que isso, neste espaço diminuto, se pensará o tempo. Não exatamente o Tempo maior, Tempo com “T” maiúsculo, Tempo incomensurável dos astros e galáxias vagantes em seus destinos incertos, mas primordialmente o tempo humano, o tempo ínfimo de uma existência humana, salvaguardada em narrativas, canções, parlendas, reminiscências.
Cheguem, leiam, comentem, e partilhem as histórias que virão à tona nestes próximos encontros.
Quiercles Santana